Saímos pela noitinha, com alguns destinos na bagagem.
Pelo meio da boa disposição de quem viaja, parámos em Grândola. Nada melhor do que aconchegar o estômago com um piano a sair da brasa, e acalmar o espírito com umas frescas “mines”. A caminho da OviBeja, até que entrámos bem no Alentejo a ouvir umas belas gargalhadas com sotaque. A boa disposição dos alentejanos, funciona sempre como uma bela injecção para curar o estado serio de uma semana de trabalho. Chegámos a Beja, com a moral em alta para uma noite divertida num ambiente de festa. Bebemos, rimos e dançámos como se não houvesse amanhã mas nunca esquecendo que tínhamos um avião para apanhar ás 7h em Faro. O Bruno, profundo conhecedor das estradas alentejanas, ao ouvir-me dizer: - Cuidado para não apanharmos a estrada da Serra! Retorquiu com um, - Eu conheço isto bem, está descansado!
Escusado será dizer que fomos pela estrada da Serra, a ver a vida a andar para trás. A meio da viagem e com o deposito de gasolina a dar sinais de emagrecimento numa estrada escura e deserta, posso dizer que não me via a apanhar o avião, lamentando: - Nunca mais faço outra, perder uma viagem destas por uma noite na OviBeja até ás 4 da manhã, ninguém merece!
O Quim, profundo conhecedor da máquina que tinha em mãos, lá resolveu carregar a fundo quando podia pois… havia que poupar combustível. Incrivelmente, chegámos ao aeroporto meia hora antes do voo partir e com a ajuda de um funcionário, lá entramos no avião. A ansiedade adormeceu, e a parvoíce instalou-se. Num avião quase vazio, parecíamos três putos a delirar por não termos ficado em terra. Isso de rir é bom mas… quando é demais cansa, foi neste estado que chegamos á Holanda. Ao chegarmos a Tiel, só ouvíamos o Vasquinho dizer: - Epá, despachem-se vamos embora para Amesterdão!
Então, assim quase de seguida, ainda ouvimos o Bruno dizer: - Vistam estas t-shirts!
Tinha mandado fazer 4 t-shirts em Portugal com o nosso nome e uma pequena bandeira de Portugal nas costas, alusivas ao dia da rainha.
E pronto, já estávamos a viajar novamente, agora de comboio.
Por volta das 13 e picos já estávamos em Amesterdão no meio da festa, éramos 4 no inicio. Nas janelas de um 1º andar abertas, estavam 3/4 Djs a passar um som brutal, foi a nossa 1ª paragem depois de atestados com umas garrafitas de vinho do Porto. Foi então que rapidamente o grupo começou a aumentar, depois de várias paragens em lugares idênticos com animação parecida. Foi sempre assim, sempre a abrir todo o dia. Quem vai para uma festa assim, não deve ter uma obrigação, mas nós tínhamos o dever de apanhar o comboio de volta na manhã do dia seguinte. Foi então que, a dançar na rua junto a um canal e em frente de uma mesa com um DJ, atingi o auge, como se a noite tivesse a chegar ao fim. Preocupado com o comboio matinal que havia para apanhar, perguntei ao Vasquinho: - Que horas são! E ele respondeu: - São 6h! Foi então que perguntei: - Mas… são 6 da tarde ou 6 da manhã…!
Tinha perdido a noção do tempo mas nunca do lugar.
Quando falei com um casal que estava num barco encostado á muralha para irmos com eles andar pelos canais, cheios de música e barcos em festa, ele disse: - Ok, podem vir 6 pessoas, tragam um pack de cervejas! Foi ai que olhei para trás, contei quantos éramos e respondi: - Ok, obrigado mas não vai dar, somos 17!
Voltarei sempre que puder...
dobicadacaneta, 20-12-2010