5.30 Da manhã, o despertador faz-se ouvir. Levanto-me meio ensonado mas sem nenhum esforço. Não… não ia trabalhar, ia passar um dia daqueles para os quais trabalhamos, o prazer da vida.
Guardo os torresmos e o pão, as uvas e a máquina fotográfica para poder registar um momento qualquer. 5.55h, saio de casa, vou ao multibanco tirar uma licença de pesca local que sabia que existia. Fiquei surpreendido, só passam licenças para um mês…10 euros para um dia de pesca. Mais uma vez o nosso estado estica-se como tudo. Tirei a licença de um mês para ir á pesca um dia. Não era bem a pesca que me interessava, era o convívio com o mar e com os dois amigos de infância que me acompanhavam, a pesca era só um pretexto.
A madrugada estava húmida. O dia começava a dar um sinal tímido de que estava a nascer. O mar… estava adormecido, parecia estar a nascer um dia perfeito para uma bela pescaria.
Preparámos as canas. Guardámos as minis… muitas minis dentro de uma caixa de esferovite com muito gelo e partimos. Navegámos rumo a uma pedra algures no fundo do mar. Levávamos lingueirão, ganso e minhoca, onde achávamos que os peixes estavam com vontade de comer.
Chegámos. Pelo meio das rizadas a três, lá ia-mos apanhando uns peixinhos, bebendo umas minis e comendo uns petiscos. Uma bandeirada com dois Besugos foi o melhor que conseguimos. Pelo meio, umas Sarguetas, uns carapaus, umas cavalas e algumas bogas.
A cerca de 100 metros uma barbatana preta fora de água, anunciava a presença de um peixe que certamente deveria ter perto de 2 metros. Seria um Tubarão? Talvez uma Quelha? Um Cação? Passou ao largo, nunca iremos saber. No outro lado aproximava-se a nado, uma estranha e enorme gaivota. Veio junto ao barco, enfrentou-nos com um olhar destemido seguindo depois o seu caminho. Gaivota não seria certamente, enfim… mistérios do mar.
O peixe parou de comer, era altura de mudar.
Quinze minis depois, procurámos um barco afundado á muitos anos, onde os peixes vivem. Uma espécie de habitação social no fundo do mar.
Largámos o ferro a 65 metros de profundidade e por ali ficámos a contemplar a beleza do nosso pedaço de oceano, a costa de Tróia, a serra da Arrábida e o rio Sado ao longe. Que sorte a nossa, a de vivermos aqui já ao lado.
Pelo meio da conversa lá ia-mos apanhando uns peixões. Num lançamento de uma pesca com 3 anzóis, três peixes, duas xopas e um carapau. Isto assim dá gozo, não é só dar banho ao isco. Noutro, uma Bica do tamanho de um sapato nº47 mas… o prato principal não era a pesca. Depois de um balde cheio de peixe, uns mergulhos e 27 minis depois, resolvemos ir fazer uma caldeirada para a ponta do verde desfrutando do estuário. Faltava o tomate, o pimento e mais uma cebolinha. - Não há crise, paramos em Tróia e vamos comprar ao supermercado! Disse o mais novo, perdão… o segundo mais novo.
E lá fomos nós.
Pelo meio, um telemóvel ficou sem bateria. Um dia, também nós acabaremos por ficar sem ela. Até lá… continuaremos a carregar nossas vidas com dias felizes.
dobicodacaneta, 21 Setembro 2010
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010
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