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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Adelino… O velho sábio

O que posso dizer sobre isso…?

Desgastam-se procurando desnecessariamente ocupar um espaço, numa liberdade que não é a sua, entrando fisicamente num lugar que não é físico. Afastam-se da cumplicidade do entendimento, intervindo na hora de aceitar, e aceitando na hora de intervir. Quer seja um, quer seja outro, dão pouco espaço para que essa liberdade respire, sufocando-a. Deixem fluir essas ondas que se agigantam, esperando por elas na praia onde se acalmam, sem pressão, sem a responsabilidade de serem o que não são. Fecham sorrisos, e mudam expressões arranhando corações. Pequenas feridas que originam cicatrizes eternas.Tentam construir incertezas sobre certezas semeadas, destruindo a primavera. Olham sem ver, o crescimento de uma flor que desabrocha. Observem a flor a crescer… deixem-na murchar, vejam-na se erguer. Reguem-na com sol, deitem-lhe raios de agua. Deixem-na crescer livremente, nesse SEU pedaço de terra plantada. Encontrem-se no desconhecido...

dobicodacaneta, 22-11-2010

O dinheiro

Por vezes, oiço aqueles que julgam ser mais felizes com mais dinheiro, e procuro um sentido inverso no pensamento. Serei do “contra”?

Podia comprar uma casa fantástica, com tudo aquilo que aqueles que não têm imaginam ter, mas… não podia comprar os diálogos e os momentos que a enriquecem. Podia comprar um carro top de gama mas… não podia comprar o gozo de andar a pé, observando p’lo caminho os pequenos nadas. Podia comprar um barco, sem o prazer de navegar, ou uma viagem sem o prazer de viajar. Podia comprar música, muita musica… mas nunca o prazer de senti-la. Podia comprar uma garrafa do melhor tinto mas… nunca o agradável prazer de o degustar com a alma.

Podia comprar livros sem o gosto pela leitura, podia comprar…

Talvez seja por isso, que nesse mundo rico e pobre dos escritores onde o dinheiro nada vale, me sinto igual e diferente.


Dobicodacaneta, 22-11-2010

Memorias

Estava escrevendo com um tradicional lápis de riscas amarelas e pretas, quando dei por mim a pensar… – E se os objectos tivessem memória?
Imaginem…!
Um lápis esse companheiro de muitas horas de escrita e divagação. Uma cama, essa escola de descanso, sonhos e prazer. Uma mesa, essa observadora de tantas conversas. Ou… um lugar, uma casa, um banco de jardim, um muro á beira-mar, um esconderijo…
Naturalmente seriam esses, os principais testemunhas da nossa privacidade. Seriam eles que no futuro, nos iriam avivar uma memória cada vez mais curta e indefinida.

dobicodacaneta, 22-11-2010

Nuvens

Olhando as nuvens, lembrei-me da semelhança que têm com as pessoas. Pequenas e grandes, escuras e claras, altas e baixas, fortes e fracas, leves e pesadas, bonitas ou feias, largas e estreitas. Umas iluminadas, outras cinzentas. Elas vão e voltam… deslizando ao sabor do vento, escorregando no encanto do caminho. Desaparecem… onde se refugiam, e voltam. Regressam fortes e bonitas, deslizando novamente e… escorregam, e escorregam, e escorregam. Transpiram, libertando-se do que absorvem pelo caminho.
Mas… lá no fundo, no fundo, parecem sempre umas “fofas”.

dobicodacaneta, 21-11-2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Viagem astral

Uma noite, tentando entender se estava a sonhar dormindo ou acordado sonhando, senti a força da mente. Suavemente, essa louca pegou-me no seu colo, como se o meu corpo fosse de algodão e resolveu levar-me com ela até algures*. Senti a terra afastar-se lentamente e… deslumbrado por tudo o que o meu olhar avistava, senti-me ave rainha de um céu que não era meu. Agarrei-me a essa mente louca, e juntos subimos a uma velocidade vertiginosa. Queria levar-me, para me dar a conhecer aquilo que eu não sabia. Repentinamente, mudou de direcção no sentido do conhecimento, a uma velocidade assustadora. O corpo, habituado a ter os pés na terra, assustou-se com a altura e velocidade a que era transportado. Assustado, sem a certeza se poderia voltar, olhou para a sua mente e disse que o levasse de volta. A mente voltou, deixou-o no lugar onde o tinha ido buscar e… seguiu. Enquanto o corpo continua á espera de uma 2ª oportunidade, a mente continua a viajar sozinha.

*Algures: Lugar onde vamos sem saber se iremos lá chegar.

dobicodacaneta,21-11-2010 (03.17h)

sábado, 20 de novembro de 2010

Muro



Fechei os olhos, deixei-me levar.
Entrei por um velho portão de ferro entreaberto, caminhando por uma histórica calçada portuguesa, em direcção há música que ouvia. Era uma festa. Algumas dezenas de pessoas dançavam, e resolvi ficar por ali a observar. Um casal, dançava num estilo muito elegante para o exterior, como se tivessem ensaiado de véspera aqueles movimentos coordenados. Todos os outros… mexiam-se, como se estivessem a ouvir uma música diferente ou… musica nenhuma. Pensava! Por onde têm andado todos estes anos, vivendo uma vida sem banda sonora? Se não sabem ouvir a música, como poderão senti-la? Esta não está bem, aquela seria melhor, e se…
Faz tempo, faz muito tempo que perderam a magia das coisas, dos lugares, das cores e do som.  Tudo serve de desculpa para perderem o momento. Sentiam-se confortáveis, observando por fora a vida que não sabiam pertencer-lhes.  A magia, tinha morrido com a infância. A infância, tinha morrido com a magia. Agora, só queriam ser figurantes da vida. Lembrei-me do muro de Berlim, e de como foi derruba-lo, mais fácil… do que derrubar os pequenos muros que vivem dentro de cada um destes seres.
dobicodacaneta, 20-11-2010

Sorrindo...

Aproximas-te lentamente, serpenteando em cima de uns bicos de pés que não se escutam, identificando o risco de cada pequeno passo. Cautelosamente, vais avançando espreitando uma janela virtual, procuras ver sem que te vejam. Sentes curiosidade, afastas um pouco a cortina para poder espreitar melhor uma realidade que não é a tua e… reencontras a ilusão perdida, sorrindo… com esse teu sorriso largo e profundo. É estranho! Sentes o conflito entre a realidade e a ilusão, mascarado de dúvidas. Ris-te da ilusão, sorrindo para a realidade e… resolves viver com ambas de mãos dadas.

dobicodacaneta, 20-11-2010

Imaginação

A imaginação apareceu sem avisar, empurrava-me puxando-me, e chateava o sossego onde me encontrava, como uma criança pequena. Convidava-me a sair, queria que a acompanhasse viajando e divagando por ai. Queria companhia, gostava de mim, talvez por isso aparecesse tantas vezes a visitar-me. Eu tratava-a bem, deixava-a ficar, e acompanhava-a aqui e ali com uma mente disponível para a receber. Ela gostava, adorava essa liberdade que lhe dava de poder deslizar pelo meu pensamento. Não me dava tudo, mostrava-me sinais. Janelas entreabertas para entrar, portas fechadas para sair, era esse o seu jogo, oferecer o brinquedo sem instruções. Por vezes, fazia-me transpirar um cansaço interno, numa mente dorida e exausta de procurar palavras para a descrever. Depois partia, deixando-me… e por ali ficava, estarrecido de saudade pensando no seu regresso.

dobicodacaneta, 20-11-2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cimeira da Nato



... e outros k tais!

Estava a pensar que…!!!
Que o Correio da manhã de hoje devia ter um suplemento especial. Já que todos os dias apresenta um suplemento, o “Jornal dos classificados “, pela proximidade de tantas figuras da NATA(O) mundial, devia apresentar um suplemento diferente, tipo:
“Jornal dos Desclassificados “. Para lhe dar assim um ar, hum ...(Estou a imaginar a 1ª pagina), mais de colecção, de peças raras, como uma cimeira deste tipo merece, colocava as suas fotografias num monte de esterco e oferecia-lhes o cheiro tão característico do Montijo para perfumar suas paginas, dando-lhe uma banda sonora tipo: ”Comunhão de Bens” da Ágata… Podes ficar com...
No fim, deixava o suplemento num qualquer WC da Setenave para o desfolharem…!
Opsss… Que merda, pá!

Humor dobicodacaneta, 19-11-2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Olhos nos olhos



Porque não aproveitas a profundidade desse teu olhar para a descoberta? Entra…entra-me pelo olhar dentro e espreita dentro de mim! Descobre-me! Aproveita para conhecer a intensidade, o volume, o conforto e o esconderijo onde por vezes me refugio. Torna-me cúmplice, como duas mãos que se entrelaçam, como uma ave de asas saudável, como uma gota despertando a sede. Que… sem o entenderes, o compreendas, ou que o condenes. Que o abandones, ou aceites. Sou isso! Tudo aquilo que vês. Felizarda a pessoa que pode conhecer alguém tão transparente.Está lá o sol, as nuvens, o céu e...

Do livro Porto Abrigo (em construção)
dobicodacaneta, 17-11-2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Gatos radicais…

Domingo, três da manhã. Conduzia eu o meu carrito por uma estreita rua do velhinho bairro da Fonte Nova quando, de repente, um gato preto atravessa a estrada á corrida, de um passeio para o outro, segundos depois, um gato branco faz a mesma travessia mas, com o carro muito por perto. Hum… arriscado, pensei eu… muito arriscado! Deixando a imaginação fluir, o que é que leva dois gatos ás três da manhã a atravessar a estrada á frente de um carro? Não podiam passar antes, ou… depois? Aquilo que conheço dos gatos, esse animalzinho amante da moleza, presunçoso e irritante, é que não fazem absolutamente nada, senão viver num estado de dormência total, comendo nos intervalos de umas belas sonecas. Avaliando pela banda desenhada do Tom & Gerry, talvez gostem de caçar ratos nos tempos livres e… pouco mais. Com as insónias nocturnas de um dia adormecido, lá estavam eles por ali á espera de um carro, espreitando uma brincadeira arriscada. Seria uma competição entre eles? Um ensinamento do mais velho ao mais novo? Só isso me faz sentido, eles têm que brincar entre eles para ocupar o tempo, se passam os dias a dormir, têm que ter alguma actividade nocturna. Enfim, até os animais mais indolentes sabem brincar com a noite. Possivelmente, apanhei dois gatos muito radicais mas… até eu seria super radical se …
Humm… O que faria se tivesse sete vidas…!!!

dobicodacaneta, 16-11-2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Por terminar...


Dei um pontapé numa moeda e encontrei um anel.
E agora?
Leiloei-o numa rede social por beijos, quem oferecesse mais beijos ganhava o anel.
Fiquei com o anel!
Moral da História:
Os beijos valem mais que (o/a) _____________ !

dobicodacaneta, 04-11-2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sem Abrigo


Pela manhã, ao chegar a Lisboa deparei-me com um sem abrigo sentado num pequeno pilar. Tinha uma carcaça na mão e desmiolava-a cuidadosamente, dividindo o pouco que tinha por umas boas dezenas de pombos. Provavelmente, estariam ali os seus grandes amigos da capital, os únicos que preenchem um vazio esburacado, de uma vida que certamente não queria para si. Depois de dar o pouco que tinha, levantou-se, e colocou ao ombro um enorme saco, onde transportava os restos de uma casa que não tinha. Sempre de olhos no chão, esse seu aliado do dia e da noite, lá se ia agachando aqui e ali para apanhar coisas que eu não via. E seguiu… pelo vazio de uma rua na esperança de encontrar um pedaço de sobrevivência. Por este andar, daqui a uns poucos e rápidos anos, poderemos ser nós a ocupar esses cantos escondidos de uma qualquer cidade.
Este senhor fá-lo com coração!
Dobicodacaneta, 03-11-2010

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