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sábado, 20 de novembro de 2010

Muro



Fechei os olhos, deixei-me levar.
Entrei por um velho portão de ferro entreaberto, caminhando por uma histórica calçada portuguesa, em direcção há música que ouvia. Era uma festa. Algumas dezenas de pessoas dançavam, e resolvi ficar por ali a observar. Um casal, dançava num estilo muito elegante para o exterior, como se tivessem ensaiado de véspera aqueles movimentos coordenados. Todos os outros… mexiam-se, como se estivessem a ouvir uma música diferente ou… musica nenhuma. Pensava! Por onde têm andado todos estes anos, vivendo uma vida sem banda sonora? Se não sabem ouvir a música, como poderão senti-la? Esta não está bem, aquela seria melhor, e se…
Faz tempo, faz muito tempo que perderam a magia das coisas, dos lugares, das cores e do som.  Tudo serve de desculpa para perderem o momento. Sentiam-se confortáveis, observando por fora a vida que não sabiam pertencer-lhes.  A magia, tinha morrido com a infância. A infância, tinha morrido com a magia. Agora, só queriam ser figurantes da vida. Lembrei-me do muro de Berlim, e de como foi derruba-lo, mais fácil… do que derrubar os pequenos muros que vivem dentro de cada um destes seres.
dobicodacaneta, 20-11-2010

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