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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Jazz

Naqueles dias em que a cabeça se encharca num mar de incertezas, nunca sei bem o que fazer, sei que não vale a pena ler porque não consigo entrar na história, experimento escrever mas não encontro o caminho, ligo o PC para o desligar de seguida e… aproveito para ver TV. A incerteza é tanta que faço um zapping lento, para ver se algo me motiva. Muitas vezes paro no canal Mezzo, deixo-me levar pelo jazz, e fico a admirar aqueles músicos de jazz a comunicar entre eles com o publico a observar. Ontem, tive a oportunidade de me deslocar ao auditório do Seixal para ver Charlie Haden Quatet West. Depois de um primeiro concerto ás 9.30, voltaria a actuar ás 23.30h. Charlie, subiu ao palco ás 24h visivelmente cansado, pegou no microfone e apresentou o experiente quarteto. Juntos, deveriam ter 200 anos de palco, Charlie nasceu em 1937, Ernie Watts em 45, Alan Broadbent em 47 e Roodney Green talvez um pouco mais novo.
Pessoalmente, preferia estar numa sala cheia de fumo, junto a uma mesa com uma garrafa de vinho tinto num cenário a preto e branco saído dos anos 30. Roodney deslizava as baquetas pela bateria num estilo elegante de encantar. Alan, libertava pelas teclas do piano notas de embalar. Em certos momentos, não sei se estava a ser empurrado para o sono ou para o sonho. No jazz, pode haver maior ou menor cumplicidade entre os instrumentos, maior ou menor sintonia, o individualismo dos solos, talvez por isso o jazz seja livre. Ernie o saxofonista, parecia que misturava Absinto com vinho do Porto, tão depressa nos tocava na alma, como nos agredia com um pulmão cheio de ar quente. Charlie ao fundo, divagava num contrabaixo sem segredos, o porquê de ficar ligado á história do Jazz.
Enfim… desta vez, o zapping, foi um belo pedaço de vida.
Dobicodacaneta, 28-10-2010

Fertagus


Yeahhh… Fazia tempo que não andava em transportes públicos em Portugal, tanto tempo, que ainda não havia experimentado uma viajem num comboio da Fertagus. Ontem, resolvi estrear-me nesse comboio. Depois de comprar o bilhete/cartão e validá-lo na maquina, subi 6 degraus e fui para o piso superior. Sentei-me num de dois bancos em frente a outros dois, e fiquei com os joelhos a um palmo do banco da frente. Em hora de ponta, não sei como será, mas viajar a (em)pernar com um desconhecido/a numa carruagem com um ar desconfiado, não sei se será muito positivo mas… quando tem que ser… tem mesmo que ser.
Antes do Pinhal Novo, a primeira paragem forçada. Alguém dizia que por actos de vandalismo cometidos, o comboio ficava parado temporariamente. Depois de uma paragem de 10m lá seguiu para voltar a parar 2m á frente. Nova paragem forçada aparentemente porque alguém fez soar um alarme. Mais uma paragem por tempo indeterminado e alguma inquietação nos presentes, a GNR voltava a entrar no comboio e a sair sem ninguém. Mais á frente, numa paragem que desconhecia chamada Penalva, o comboio voltou a parar pelo mesmo motivo numa paragem bastante demorada. A ultima vez que estive num comboio parado fora de uma paragem, foi em Maio quando em Tiel, apanhei um comboio com destino a Amesterdão. Antes da grande festa do Bevrijdsdag a 5 de Maio, dia de libertação da ocupação nazista, o dia anterior é dedicado á memoria das vitimas da 2ªguerra. O momento mais alto é sem duvida quando o País pára ás 20h, durante 2 minutos num silêncio que arrepia. Se tiver que ficar parado, que seja por algo que me arrepie e não para ver esta gente a decrescer.
O respeito pelos outros, será sem duvida uma forma de agradecimento por nos respeitarem. A sociedade agradece.

Dobicodacaneta, 27-10-2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Multar ou não multar, eis a questão.


12.15, vinha eu descontraidamente a conduzir e a ouvir a M80, quando uma mão de um agente ao meu lado, saído não sei de onde, me acenava para encostar o carro. Tinha o cinto, não ia ao telemóvel nem tinha feito nenhuma manobra que não devia, logo, só havia um motivo para tal paragem, o retrovisor do lado do condutor partido. Pediu-me os documentos, espreitou os selos do carro, e depois de os conferir disse-me. – Tem o retrovisor partido! Como já tinha pensado no que dizer, lá fui dizendo timidamente que o tinha partido ontem á noite (já tinha 2 meses), e que ainda não tive tempo de o substituir. – Este retrovisor é um acessório imprescindível na condução, como tal tem que o substituir rapidamente! Disse-lhe que era essa a minha intenção, desejou-me uma boa tarde e sumiu-se. Tudo isto durou aproximadamente 2/3 minutos. Numa época de caça á multa, não precisei de apelar ao bom senso da autoridade como em tantas outras situações o fiz. Acredito, que há agentes que os tenham e outros não. Tal como todos nós, já passei pelas duas situações mais vezes do que gostaria mas, por norma, até sou eu que dou motivos para que isso aconteça, será que um dia irei mudar? Os agentes não!

Dobicodacaneta, 27-10-2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010


O Raul, diz-me que em Oslo começou a nevar, é normal, já estamos no fim de Outubro. O Vasques em Amesterdão, já não prescinde do “Kispo”, diz-me que está sempre a chover. Na Bélgica, a Ana já tem que andar de gorro e luvas, o frio aperta. No Canadá, o João em Montreal diz-me que já tem o aquecimento ligado pois a temperatura não está nada famosa. O Jorge (má-língua), diz-me que detesta viver em Setúbal, porque a cidade não presta para nada. Enquanto isto, Portugal insiste em dar um certo ar de desgoverno, baixando sucessivamente de degrau em degrau no ranking dos Países com maior qualidade de vida. Já eu aqui ao lado de Setúbal, vou escrevendo confortavelmente sentado na areia de uma praia parcialmente deserta. O Sol, deslizando baixinho, acende no mar brilhozinhos. O Gonçalo vindo da Ásia, diz que conheceu um homem tão pobre tão pobre, que a única coisa que tinha era dinheiro.
Numa humilde opinião idiota.
Qualidade de vida não é só o que se ganha, é também o que não se perde.

26-10-2010, dobicodacaneta.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Prova oral.



Faz pouco tempo que publiquei algo a falar “das pessoas”, e o quanto são importantes para mim. Por outras palavras dizia que elas são a vida. Há quem tenha esse dom de saber confortar através das palavras, ou de um simples sorriso. Essa atenção reflecte-se, através da disponibilidade que temos para com os outros e do gosto que temos em comunicar. São pessoas assim, que me levaram a escrever sobre a satisfação e o gosto que tenho em continuar a conhecer gente, que transmite essa qualidade inata de saber estar com os outros.
Gente boa, no lugar certo.
Simpatia natural que embeleza o ser humano.
Fica o sentimento de não ser o único a gostar dos “outros”.
Afinal… “os outros” também gostam de nós.
dobicodacaneta, 12-10-2010

Horizonte



Pintura de Anabela Maravilhas Marques.









Ai está um tema que gostaria de ter pintado.
Não só pelo quadro em si mas, por tudo aquilo que me devolve á memoria. Descreve-lo numa simples palavra, não seria correcto, pois penso em muitas mais e todas elas me fazem sentido. É sem duvida tudo o que a vista alcança para uns, e tudo o que o pensamento alcança para outros. Pessoalmente, adoro o que o quadro me mostra, ficando encantado com aquilo que nele se esconde por detrás de uma porta entreaberta. Por vezes um escritor, tenta tocar no leitor com uma mensagem que deixa nas entrelinhas. Essa mensagem, é simplesmente um vasto campo, uma estrada, ou um mar por onde o leitor possa navegar assumindo o leme. É isso que este quadro me transmite, uma estrada para caminhar, uma vida para enriquecer ou um campo para brincar.
Nele vejo solidão. Quando sabemos viver com ela, é só um estado de espírito que nos leva a fazer obras assim. Vejo também liberdade a caminhar de pé descalço. A aventura que é a vida, vejo-a no movimento de cada passo.
A procura…
O ganho, esse, está para além do horizonte, escondido á espera.
Caminhem… Até podem parar aqui e ali para meditar.
A vida é isso, o horizonte também.
Dobicodacaneta, 12-10-2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010



O fogo…! Era como o fogo, que se propaga rapidamente ganhando uma dimensão imprevisível. Estaremos nós preparados para o imprevisível…?
Deixai arder, sinta a música enquanto arde. Um dia ele se apagará, e a música deixará de tocar.
Nada é eterno, tudo tem um fim. Como poderá esse fogo ser?
O melhor da vida é o início, o caminho para…
É a ele que nos devemos entregar, nele devemos crescer enfrentando os ventos que nos empurram.
Afinal nós somos o reflexo do TEMPO. Por vezes iluminado ou escuro, azul ou cinzento, relaxado ou violento. Por vezes sorrimos como o Sol, noutras choramos como a chuva.
Aproveitar enquanto brilha, serenar na enxurrada que tudo destrói e arrasta. Esperar calmamente a bonança, esse tranquilizante que nos relaxa.

de um livro em construção
07-10-2010 dobicodacaneta

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

No dia da Republica...

Depois de uma véspera passada com pessoas e copos a passar musica algures num bar da cidade, acordava depois de 3 horas bem dormidas, preparado para levar o Eduardo mais o seu amigo João á Kidzania.
Um cafezinho mais tarde, já estávamos a caminho.
Como é natural, a ansiedade tomava conta da cabeça dos miúdos. Estacionei no Centro Comercial Allegro em Alfragide e, junto a um balcão de informações perguntei onde ficava a Kidzania. - Isso não é aqui, é no Centro Comercial Dolce Vita.
Ops…
Chegámos com os miúdos a queixarem-se que a ansiedade, estava agora no estômago em forma de “formigas”. No início de um corredor, lá avistámos o famoso avião que, por curiosidade tinha sido transportado desde o Porto de Setúbal. Depois de vinte minutos passados em fila de espera, lá comprámos os bilhetes. Um mapa da cidade e um cheque de 50 Kitzos foi o que receberam em troca. Estavam ansiosos por passarem um dia como adultos naquela cidade feita á escala das crianças. Eu também queria ir mas… como penso que eles ganham maior autonomia e liberdade de pensamento sem a presença de um adulto, optei por ir ao cinema. Fazia tempo que não entrava num Centro Comercial, afinal… tudo continua igual. As mulheres, com um ar satisfeito, lá passeavam com uns homens enfadados de mãos dadas. Umas compritas aqui, outras ali.
Afinal…há sempre qualquer coisa por comprar.
7 horinhas mais tarde, lá fui buscar os miúdos. Saíram entusiasmados dizendo que: - Os adultos estão sempre a dizer que a vida é difícil mas… afinal é muito fácil ser adulto!
Sem querer estragar muito aquele entusiasmo, acrescentei só que, também eu gostaria de ser adulto por um dia.
No dia da REPUBLICA, bem que podiam ir a uma praia onde estivessem uns miúdos sentados á volta de uma fogueira a aprender coisas de sonho e de verdade, a saber como se ganha uma bandeira e o que custou a liberdade.

Ai está uma boa ideia…!!!! Para o ano, pegamos nas crianças e na musica do P. Carvalho, vamos até uma praia, fazemos uma fogueira e passamos o dia a contar historias, FIXE…!!!

*** Já pela noite, Eduardo contava-me que havia um miúdo na cidade que tinha muito dinheiro, e perguntou-lhe: - Como é que conseguiste esse dinheiro todo?
- Trabalhei aqui e ali e mais ali, e ali e ali e mais ali, e quando fui comer dividi um hambúrguer com o meu amigo, por isso tenho este dinheiro todo!
- Epá… mas tu vieste para aqui só pa trabalhar!
Afinal… aquilo era um mundo de adultos.

06-10-2010 dobicodacaneta

segunda-feira, 4 de outubro de 2010




Catrapumbaaaaa…

Acordei em casa com os olhos num café matinal que me moía o pensamento. Vesti uma t-shirt, enfiei uns calções e uns crocs, e saí levando o PC comigo. Entrei num café, apoiei-me no balcão, e disse: - Bom dia, um café se faz favor!
- Bom dia não, boa tarde, já vai pra uma da tarde! -retorquiu a senhora ao balcão com um sorriso.
-Olhe… Um bom dia , uma boa tarde e um bom café se faz favor! .
Peguei no café e fui para uma mesa junto há janela. Pousei o pires na mesa, tirei a mala com o portátil que tinha ao ombro e pendurei nas costas da cadeira, voltei-me flectindo as pernas para me sentar e… catrapumbaaaaa!
Bati redondamente com o cu no chão!
Mas… quem é que me puxou a cadeira?
Por momentos vieram-me ao pensamento aquelas brincadeiras de crianças amigas, em que sentados numa qualquer esplanada, um puxava a cadeira, um caía, e todos riam á gargalhada.
O peso da mala tombou a cadeira e… acho que dá para ver o vídeo na cabeça, né!
A diferença, é que agora não havia ninguém no café para dar uma boa gargalhada e a criança amiga era uma mala com um computador.
- Uffffa … que sorte, afinal ninguém vai saber que isto aconteceu!
Pois é bébé... estas novas tecnologias também sabem brincar como crianças.

04-10-2010 dobicodacaneta

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Humor dobicodacaneta... " O cancro do dolo do Sócrates"



Cientistas de todo o mundo procuram rapidamente uma vacina contra o cancro do dolo do Sócrates, também conhecido como o cancro da carteira…
É assim… depois das vacas Loucas, dos porcos e das aves raras eis que surge mais uma doença que requer uma vacina. Os sintomas são simples, sentimos que nos levam uma moeda e nem damos por isso, depois levam-nos uma nota e já sentimos um bichinho que nos entra pela carteira… colateralmente, quando nos levam a carteira propaga-se pela corrente sanguínea. Os sintomas posteriores consistem na perda de apetite, emagrecimento e debilidade. O PCP através do seu presidente Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã do Bloco de Esquerda e Paulo Portas dos Outros, vieram dizer que se necessário a vacina será comparticipada a 100% nem que para isso tenham que usar as verbas da Festa do Avante, das rendas dos Okupas e do que resta dos submarinos respectivamente. Já Pedro Passos Coelho diz não ter verbas: -Peçam ao Duarte Lima! Dizia ontem…
Na minha terra, já dizia o Pescadorr Sadine que… Quanto mais riscas têm na gravata mais mentem… acrescento eu : - Como se as riscas das gravatas fossem as divisas dos políticos e o “Soca”, seu comandante.
Conclusão final…
Afinal… já foi encontrado o pai da criança.
A criança é o estado “Soca” e pelos vistos o pai somos nós.
01-10-2010 humor dobicodacaneta.

Fazer ou não fazer...eis a questão

No ano de 1830, os americanos consumiam em média 1,7 garrafas de bebidas destiladas, 3 vezes mais do que consomem em 2010.
Esta é já uma história muito antiga, no entanto, todos falam que a experiência de vida é importante mas, por norma, obcecados por olhar em frente deixam escapar por entre o pensamento, exemplos válidos do passado.
Por vezes na vida, não há necessidade de ser muito criativo sobretudo quando temos esses exemplos que podemos aperfeiçoar ou modernizar. Nos EUA, em 1918 foi anunciada a lei seca que consistia na proibição da venda, fabrico, consumo, importação e exportação de bebidas alcoólicas. A lei seca imperou durante quase 14 anos. A 18ª emenda da constituição do país ratificou essa decisão a 16 de Janeiro de 1919 entrando em vigor a lei seca um ano depois,16 de Janeiro de 1920. Durante esses 13 anos 11 meses e 24 dias de impedimento, o consumo de álcool não viria a baixar, por outro lado, os grupos organizados iriam crescer como ervas daninhas. Com a fortuna acumulada, esses gangs de mafiosos começaram a ter um poder nunca antes visto na sociedade norte-americana. O negocio era simples, grande parte da população americana (excepto os puristas) queria beber o que o seu governo proibia. Com tanta procura, e tanta clientela, só tinham que fazer chegar, o álcool destilado ás escondidas ou o álcool importado. Como este tipo de negócio obedece a uma grande logística, a quantidade de gente envolvida era enorme. Estes foram sem duvida os anos de oiro da máfia. Com a abolição da lei seca a 5 de Dezembro de 1933, deixou de se negociar e beber ás escondidas, por isso os anos de oiro da máfia norte-americana iriam acabar. Como o negócio já era legal, o crime e a corrupção baixou significativamente.
Por outro lado, depois da crise e do crash bolsista de 1929 a débil economia norte-americana começou a respirar melhor, graças á entrada deste imposto.
Entretanto, na principal colónia holandesa na Ásia o consumo do ópio não era muito comum, não era… mas passou a ser com a chegada dos comerciantes holandeses. O próprio governo Holandês, percebendo o negocio rentável que tinha em mãos, criou algumas leis para proteger esse comercio.
Enquanto uns aplicavam a lei seca dando origem a grupos criminosos, outros aplicavam a lei do ópio na Indonésia, controlando.
Com o aparecimento de alguma obsessão pela droga, o governo holandês passou a vender o ópio só em estabelecimentos do governo controlando assim a situação. Terminou em 1942 quando o Japão invadiu a Indonésia.
Depois da segunda guerra mundial, a marijuana foi introduzida na Holanda pelos soldados e por um grupo de músicos de jazz, até aos anos sessenta o consumo era muito restrito e não tinha nenhum impacto social. Com o aparecimento do movimento “Provo“, começou a ganhar maior expressão, ainda pior porque as autoridades holandesas não conheciam esse tipo de droga nem sabiam sequer como era, apenas que era proibido. Na época, com o fim das colónias e o regresso de muitos refugiados com formas de vida e mentalidades diferentes, deu-se início ao aparecimento de alguns grupos que tinham um ideal de vida diferente. Com um pensamento contracultura e contra o consumismo, tinham opções de vida mais livres e próprias, assim como revolucionárias, esse movimento viria a influenciar decisivamente a cultura mundial dando origem ao movimento hippie, ou á rebelião do povo Francês, em Maio de 68, considerada por alguns filósofos e historiadores como a maior rebelião do século xx, ultrapassando todas as barreiras culturais, étnicas, de idades ou de classes sociais. Esse movimento “Prove”, que nasce da palavra Holandesa provocatie (provocação) surge com a necessidade de chocar ou provocar o pensamento de uma sociedade que se deslocava por um caminho só, o american way of life. A visão de outras opções de vida e o respeito por cada consciência, levou a Holanda e o próprio Ocidente a rever os seus planos políticos. Poucos são os que conhecem esse movimento responsável pela cidade livre que Amesterdão é hoje para o mundo. Quando estive pela primeira vez na Holanda em 1989, já se dizia que “em Roterdão trabalha-se, em Amesterdão vive-se“, não será melhor viver nesta vida do que sobreviver?
Na época á semelhança do que acontece hoje em Portugal e noutros países, a Lowlands Weed Company, explorava uma falha na lei vendendo pequenas plantas de cânhamo desenvolvidas a partir de sementes. Para se identificarem com este novo fenómeno que desconheciam, o governo Holandês, realizou um estudo sobre drogas no início dos anos 70. Os dois relatórios apresentados sobre esse estudo (em 72 e 75) propunham a legalização da cannabis. A” teoria do degrau”, que diz que o consumidor de drogas leves poderá partir para o consumo de drogas mais pesadas, foi analisado e chegaram á conclusão que, o consumidor de cannabis adquirindo esse produto num contexto ilícito, mais facilmente chegaria a outro tipo de drogas. Já no passado, enquanto liberalizavam o consumo de ópio na Indonésia, a Holanda tinha muitos problemas pelo consumo exagerado de álcool. Não sei o que seria pior mas… um dado é adquirido, conheço casos fatais de muitas cirroses, por fumarem cannabis não conheço nenhum. E… o que dizer do tabaco? Quantos morrem de cancro nos pulmões? Imaginem a coisa nesta perspectiva: “A agricultura enfrenta o looby da industria farmacêutica e a industria do tabaco”. Será, que fumar um cigarro de uma qualquer erva que nasce e se desenvolve na terra, será pior para a saúde que um cigarro cheio sei lá do quê e…alcatrão? Ou…do que um qualquer Xanax ou um Valium? Ou… uns Martinis antes de uma refeiçao? Ou… um RedBull?
Talvez seja socialmente mais aceite uma qualquer injecção de morfina, do que um simples charro de erva. Quanto á “teoria do degrau”, não é por beber cerveja, que passarei a beber bagaço, ou que passarei de um charuto para um cigarro, ou de um Benuron para Valium, de um charro para a heroína, mas… se o quiser fazer, porque não…? A vida até é minha! Será o facto de ser ilegal que me impedirá? Claro que não, só nos levará para um mercado clandestino por vezes perigoso.
Um dia alguém disse que o fruto proibido é o mais apetecido.
Aliás, se os puristas colocarem a hipótese de um dia, o seu filho ir comprar um charro para fumar, preferiam que ele o fosse comprar a um gueto qualquer, ou a um café… uma farmácia…há junta de freguesia, ou… numa qualquer rua onde não há nada para esconder?
Pois é, eles não procuram estas coisas, são os outros que ofertam, continuem a comprar comprimidos para dormir, ou a beber para esquecer os pecados que não cometeram.
Aliás, em 2010, temos em Portugal algumas lojas a fazer aquilo que a Lowlands Weed Company fez naquela época, a tirarem proveito de um buraco na lei para venderem esse tipo de substancias nas lojas.
A Magic Mushroom no Bairro Alto em Lisboa e a Cogumelo Mágico em Aveiro, comercializam drogas legais. É um pouco como se proibíssemos a comida por haver quem sofra de gula, ou proibir umas sementes de Girassol porque alguém se lembrou de as comer.
É lógico que isto é um tema que dará sempre azo a muita discussão, haverá gente contra defendendo a “teoria do degrau”, e outros a favor, tendo por pretensão trazer esses “marginais” de volta á sociedade.
Isso é um pouco como a incineradora.
Sei que faz falta, mas não gostava de a ter na minha Rua, todavia… trocava de olhos fechados uma pela outra…
Estarão a adiar o inevitável?
Deixem a vossa opinião…

01-10-2010 dobicodacaneta.
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