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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sem Abrigo


Pela manhã, ao chegar a Lisboa deparei-me com um sem abrigo sentado num pequeno pilar. Tinha uma carcaça na mão e desmiolava-a cuidadosamente, dividindo o pouco que tinha por umas boas dezenas de pombos. Provavelmente, estariam ali os seus grandes amigos da capital, os únicos que preenchem um vazio esburacado, de uma vida que certamente não queria para si. Depois de dar o pouco que tinha, levantou-se, e colocou ao ombro um enorme saco, onde transportava os restos de uma casa que não tinha. Sempre de olhos no chão, esse seu aliado do dia e da noite, lá se ia agachando aqui e ali para apanhar coisas que eu não via. E seguiu… pelo vazio de uma rua na esperança de encontrar um pedaço de sobrevivência. Por este andar, daqui a uns poucos e rápidos anos, poderemos ser nós a ocupar esses cantos escondidos de uma qualquer cidade.
Este senhor fá-lo com coração!
Dobicodacaneta, 03-11-2010

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