Vagueei, cambaleando vagarosamente pela sombra de uma muralha velha de pedras sobrepostas, sem saber para onde ir. Caminhava pelo vazio procurando um sinal. Uma fonte de água limpa e potável, chamou-me a atenção para a transparência, estaria eu procurando a transparência que não transparecia? Bebi aquela água, como se fosse santa na esperança que me limpasse a escuridão que existia em mim. O efeito que procurava, já o tinha encontrado antes de a beber, meditar sobre o meu pedaço de vida. Chuva de Verão, noite que já foi dia, uva que vira néctar, olhos que choram musica, palavras que cheiram a vela, nem tudo tem que ser explicável, terá? As folhas que caiem de uma árvore fora de época, será que a transformam? Duvidas, muitas das dúvidas que provocam essa escuridão, são meras banalidades mas… a verdade é que têm esse dom de provocar essa tempestade em mim.
Ir para casa aterrorizava-me, encontrar uma vida que não me fazia sentir feliz, seria sempre uma última opção.
Talvez por isso, existem os boémios, aqueles que não encontram a felicidade ou o que isso significa.
Sentia-me um pouco dos dois, talvez por isso, bebia por dois.
Apetecia-me divagar livremente por contos e bacoradas, histórias de encantar por palavras a sorrir, soltar-me! Largar a prisão da responsabilidade por momentos e encontrar vontade de expressar o que me ia na alma, no corpo, na mente. Ficar ausente nesse recanto acompanhado, por ilusão ou felicidade, sentindo sem ter que cumprir, a não ser com o meu pensamento.
dobicodacaneta, 9-1-2011 ( Porto Abrigo, em construção)
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